no meio do caminho havia um caminho havia um caminho no meio do caminho
Caminhei. Caminhei por horas, sempre para o norte. Juro. Não me desviei hora nenhuma. Mas caminhei com vontade e sem parar. Minto. Parei por breves minutos, mas a vontade de continuar are mais forte que as bolhas estouradas ou as dores nos joelhos. Caminhei, sim, praticamente sem parar. Algumas vezes as bolhas doíam. Aí eu parava por alguns minutos. Minto, foram quase vinte minutos. O vento soprava tão gostoso que seria pecado não senti-lo no rosto por mais um mísero minuto. Fiz alguns desvios, claro. A sombra daquela mangueira estava muito convidativa. Mas após cada parada eu seguia, novamente para o norte. Sempre para o norte. A caminhada tinha que continuar. Fiz algumas paradas, claro. Meus pés não agüentariam todo o caminho com as bolhas estouradas. Então eu parava. Por quase meia hora para descansar os pés e a cabeça. Sentir o vento, beber da água que seguia ligeira o córrego limpo ao pé da mangueira. Algumas mangas na mochila e seguia novamente o caminho. De novo para o norte. Caminhando firme, persistente e contente. Sem parar. Quase sem parar porque ninguém é de ferro. Também, se caminhasse demais poderiam aparecer bolhas em meus pés. Que mal teria se parasse por alguns instantes sob a mangueira à beira do riacho que corta o nosso quintal? Sombra preguiçosa. Brisa sapeca a acariciar as folhas e fazer dançar a grama. A caminhada é longa, bom comer umas mangas antes de sair, né? Mas vamos. Ainda temos muito a caminhar. Sempre para o norte. Naaaahhh acho que comi demais. Um breve cochilo resolve, claro. Mas preciso seguir para o norte. Certo. Apenas meia hora. Um cochilo revigorante antes de partir.
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